quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Esperança

Há momentos em que tudo nos parece muito escuro, tão escuro que temos que esperar até mesmo a esperança. Espera, já não é agradável, mesmo tendo esperança. A demora em se realizar uma esperança nos faz sofrer; mas esperar a própria esperança, não ver nenhum lampejo no horizonte, e, contudo recusar o desespero; nada ver ante a janela senão noite, e, contudo conserva-la aberta para um impossível aparecimento de estrelas; ter um lugar vazio no coração e, contudo não consentir que o ocupe uma presença inferior, nisto consiste a maior paciência do Universo.
É Jó na tempestade. È Moisés no deserto de Mediã. È o Filho do homem no jardim de Getsêmani.

Não há paciência mais difícil que a do que fica firme, “como quem vê aquele que é invisível”; é a espera pela esperança.

O Senhor fez bela a espera; divina a paciência, ensinando que a vontade do Pai pode ser recebida, simplesmente porque é Sua vontade. Uma alma pode ver no cálice apenas tristezas, e, contudo toma-lo, sabendo que o olho do Pai vê melhor que o seu.

Dá-me Senhor Teu poder divino, o poder de Getsêmani. Dá-me o poder de esperar pela própria esperança, de ficar olhando pela janela, embora não haja estrelas. Mesmo que se afaste a própria alegria que me foi dada, concede-me o poder de ficar invicto no meio da noite e dizer que em algum lugar, haverá um lugar que os homens chamam de céu... Este está bem ali, nas cenas visíveis das coisas...